sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Prefeitura muda uniforme escolar. Só três empresas devem faturar R$ 1 milhão

   Os mais de 16 mil alunos da rede municipal aldeense vão pagar caro para comprar o uniforme escolar em 2010. A Prefeitura de São Pedro da Aldeia alterou o modelo utilizado, acrescentando mais uma peça e aumentando os preços para a população, numa operação que deve beneficiar apenas três empresas. Ao preço de R$ 30,00 por uniforme (camiseta e bermuda), se cada aluno comprar dois uniformes, as empresas que os confeccionarem irão faturar, ao todo, quase um milhão de reais, só em 2010.



   Segundo informações de alguns pais de alunos, atendendo a recomendação da secretária municipal de educação, Alanna Frare, as diretoras das escolas estão indicando as empresas Batolito, Kalifa (Fazendo Arte) e Livre Escolha (Uniformes Novos) como fornecedoras dos uniformes escolares municipais. Uma mãe de aluna do bairro São João, que pediu para não ser identificada, disse que na reunião com a diretora, no fim de 2009, havia até um papel fixado na porta da escola com o telefone da empresa Livre Escolha para informações sobre os uniformes.


   Costureiras autônomas revelam que apenas essas três empresas sabem qual é o modelo definitivo dos novos uniformes. E que até o início de fevereiro de 2010, algumas peças ainda estão sofrendo modificações no modelo, evitando que as centenas de profissionais aldeenses também possam confeccionar, a tempo, o uniforme definitivo.



   Segundo a costureira Irinéia Valadão da Silva, que procurou, por três vezes, a secretaria municipal de educação para saber sobre os modelos de uniformes, os funcionários da prefeitura informaram que ela está proibida de fazer os novos uniformes. “Essa foi a resposta que me deram: apenas algumas empresas em São Pedro da Aldeia foram autorizadas a confeccioná-los”, reclama Irinéia, costureira de uniformes há 18 anos.


   Sonia Moura, costureira do bairro São João, estranha a forma dessa mudança no modelo e nas peças, o que duplica o valor a ser gasto pelos pais. “Além das várias estampas nas camisas e camisetas e no tom verde especial escolhido, hoje mesmo, soube que houve uma alteração na gola da camisa, acrescentando uma sanfona personalizada cujo objetivo certamente é criar ainda mais dificuldades para nós costureiras autônomas”, revela Sonia, que há 20 anos confecciona uniformes escolares.

A Kalifa começou recentemente a vender a camiseta de malha e a bermuda de helanca entre R$ 28,00 e R$30,00 (conforme a idade), um preço altíssimo para o bolso da população aldeense e a baixa qualidade do tecido utilizado. É possível fazer as peças com mais qualidade e bem mais barato, sem extorquir o povo”, garante Sonia. “O mesmo uniforme de criança que na Kalifa, na Livre Escolha e na Batolito custa R$28,00, poderia ser comercializado, por nós, a R$16,00, gerando trabalho e renda para muitas costureiras aldeenses”, conclui Sonia.

   A costureira Maria de Lourdes do Nascimento confirma que a Golport Golas e Malhas, um fornecedor da capital, foi contratado especialmente para fazer as golas personalizadas dos uniformes aldeenses. Segundo a costureira, essa empresa só vende as golas em lotes de 500 unidades, dificultando a confecção dos uniformes por profissionais autônomos.


   Alguns pais de alunos reclamam ainda que o uniforme inclui uma calça comprida de “tactel” e que a prefeitura impedirá o uso da famosa “calça jeans”. “É um absurdo. A prefeitura deveria doar as camisetas estampadas e apenas indicar uma cor de bermuda, sem impedir também o uso da calça de brim que todos já possuem”, reclama Sonia.

    Ainda segundo a costureira, a legislação permite aos alunos utilizarem os uniformes antigos durante um ano. “E se a prefeitura, que deveria doar o uniforme não o fizer, ela não pode impedir os alunos de freqüentar a escola sem ele”, acrescenta Sonia.
Fizemos contato com a assessoria de Comunicação da Prefeitura de São Pedro da Aldeia para saber o seguinte:

1) Por que as costureiras não tiveram acesso ao modelo do uniforme municipal?


2) Houve licitação para a escolha dessas empresas que estão confecionando o uniforme?


3) Quem definiu o alto preço do uniforme? A PMSPA não se importa da população pagar caro pelo uniforme?


4) O fato de todas as empresas cobrarem o mesmo preço configura um cartel com aprovação da PMSPA?


4) Por que as diretoras estão indicando as empresas para a compra de uniforme?


5) Até quando a prefeitura vai permitir a entrada em sala de aula dos alunos sem uniforme? Quando será obrigatória o uso da calça de tactel?


6) O que a prefeitura tem contra as costureiras autônomas para lhes tirarem o ganha-pão. O desemprego e a baixa renda da população não preocupa a PMSPA?


7) O diretor de Serviços Públicos Francisco Camêlo (dono da Batolito) ainda é funcionário da PMSPA? Se não, em que data foi exonerado?


Estamos aguardando a resposta da PMSPA...

Um comentário:

K. Lango disse...

Tá na hora de bora na rua a campanha: "use ou venda seu uniforme do ano passado!"