sábado, 24 de julho de 2010

Brasil ganha 10 milhões de eleitores

TSE aponta diminuição de eleitores com 16 e 17 anos e aumento de mulheres nas urnas
Por João Noé (O Dia/Terra)

Rio - O Brasil ganhou cerca de 10 milhões de eleitores entre 2006 e 2010, segundo estatísticas divulgadas ontem pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O acréscimo no número de votantes representou um aumento de 7,8% no eleitorado brasileiro durante o período. O TSE também apontou subida da porcentagem do voto feminino e do grau de instrução dos eleitores, enquanto há diminuição de eleitores com menos de 18 anos de idade.
De acordo com o TSE, o Brasil tinha 125,9 milhões de eleitores em 2006 e hoje conta com 135,8 milhões. Desse total, 70,3 milhões (51,82%) são mulheres. Há quatro anos, havia 64,8 milhões de eleitoras, que representavam 51,53%.

ESCOLARIDADE

O número de eleitores que chegaram, pelo menos, ao Ensino Médio também aumentou, de 42,4 milhões para 52,6 milhões representando um aumento de cerca de 24%.
A partipação dos jovens, porém, diminuiu. Em 2006 eles eram 2,55 milhões e representavam 2,03% do total. Em 2010, 2,39 milhões de eleitores com menos de 18 anos (1,76% do total) vão votar. Em quatro anos houve diminuição de 6,2% no número de jovens.
No estado do Rio, a queda foi ainda maior, de 7,6%. Enquanto em 2006 havia 112.526 eleitores com menos de 18 anos, hoje há 103.948. O número de jovens antes representava 1,03% do eleitorado fluminense, mas hoje equivale a 0,80% do total.
O número de eleitoras no Estado, entretanto, cresceu em 6,9%, de 5,77 milhões para 6,17 milhões. Com isso, a porcentagem das mulheres no total de fluminenses subiu de 53,01% para 53,27%. Já o total de eleitores cresceu 6,4%. Nas eleições de 2006, havia 10,8 milhões de eleitores fluminenses. Em outubro, serão 11,5 milhões. Desse total, 5,2 milhões (45,4%) chegaram pelo menos ao Ensino Médio.

Mudanças nos resultados

As mudanças no número de eleitores em todo o País também podem ser refletidas nos resultados das eleições de outubro. Para o presidente do Instituto Vox Populi, João Francisco Meira, as principais alterações no quadro político ocorrem por conta do aumento do número de eleitoras.
É natural que o número de mulheres votando aumente. No Brasil, historicamente sempre houve mais mulheres que homens. O que muda é que, normalmente, a mulher demora mais que o homem para se decidir sobre o seu voto. Não significa dizer que elas deixam para escolher o candidato na última hora, mas demoram mais para fazer a escolha”, explicou Meira.
Ele também contou que, por outro lado, a diminuição do número de jovens eleitores traz poucas mudanças nos resultados das eleições. “A diminuição do número de jovens mostra que a população brasileira está envelhecendo. No entanto, isso não traz grandes mudanças para eleições de candidatos a cargos executivos. O perfil do voto do jovem é mais claro nas eleições proporcionais”.

Região Metropolitana perde participação, mas mantém força

Os números do TSE também mostram que, apesar do crescimento da participação do interior no eleitorado fluminense, a Região Metropolitana continua tendo mais força. Enquanto, em 1994, cerca de 74% dos eleitores estavam na capital e nos municípios vizinhos, atualmente é de 72% a participação dessa área do Estado. A região que mais se reforçou foi a das Baixadas Litorâneas, que quase dobrou a participação.
Segundo o cientista político Nelson Rojas de Carvalho, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, em todo o País as capitais e regiões metropolinas são subrepresentadas no Congresso. “Há uma subrepresentação nas áreas urbanas e metropolitanas, onde a concorrência política é maior. Isso acaba acarretando uma votação mais fragmentada. No interior, a votação é mais oligarquizada e tende a ter representação maior”, explica o especialista.
O presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) e professor da Uerj, Geraldo Tadeu, ressaltou que tradicionalmente a Zona Sul do Rio e Niterói costumam ter votação diferente do restante da região, o que tende dividi-la. “Para vencer nas eleições majoritárias, para o Governo e o Senado, é preciso percorrer todo o Estado”, explica.
Nas últimas eleições, a região que teve seu peso mais reforçado foi a das Baixadas Litorâneas. A área engloba a Região dos Lagos e municípios vizinhos, que atraem eleitores pela indústria do petróleo. A cidade que mais incrementou seu eleitorado foi Rio das Ostras, que tinha, em 1994, cerca de 13,5 mil votantes e saltou para 61,8 mil. No período, Cabo Frio subiu de 65,4 mil para 124 mil. Segundo Geraldo Tadeu, essa migração favorece o surgimento de novos políticos e de eventuais surpresas nas urnas. (Michel Alecrim)

http://odia.terra.com.br/portal/brasil/html/2010/7/brasil_ganha_10_milhoes_de_eleitores_97612.html

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