sábado, 19 de fevereiro de 2011

Primeira Hora desmente O Globo no caso do Juiz de Búzios

"Jornalismo em Pauta": fatos ou apenas versões?
Jornal Primeira Hora de Búzios defende Juiz da cidade e aponta "má apuração", "irresponsabilidade" e "ficção" do Jornal O Globo.
Veja, abaixo, as duas matérias publicadas. (A matéria do Jornal O Globo gerou inúmeros comentários dos leitores)



Matéria do JORNAL O GLOBO (Internet)

Presidente do TJ promete apuração rigorosa sobre juiz da 1ª Vara de Búzios

Publicada em 17/02/2011 às 23h43m
Ronaldo Braga

RIO - O novo presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, disse nesta quinta-feira que todas as denúncias contra o juiz João Carlos de Souza Correa, titular da 1ª Vara de Búzios, serão investigadas "com o rigor da lei".

- Um leigo tem a desculpa de não conhecer a lei, mas deve ser punido. Um magistrado, conhecedor da lei, deve ser punido ainda mais, exemplarmente - disse Rebêlo.

As investigações a cargo da Corregedoria Geral do TJ correm sob segredo de Justiça, segundo informou também o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Nos corredores do TJ circulam rumores de que, nos próximos dias, haverá uma diligência no balneário para apurar mais denúncias envolvendo o juiz.

João Carlos é acusado de ter dado voz de prisão a uma agente da Operação Lei Seca na Lagoa domingo passado , após ser flagrado sem habilitação ao volante de um carro sem placa; de ter desacatado dois turistas em Búzios que reclamaram de uma festa barulhenta que promovia num quarto de hotel no último dia 9; de ter obrigado um funcionário da concessionária Ampla a religar a luz de sua casa, cortada por falta de pagamento, em 2006; e de ter discutido em 2009 com um policial rodoviário federal após passar por um posto da PRF em Rio Bonito em alta velocidade e com um giroflex proibido por lei . Ele é investigado ainda por decisões polêmicas tomadas em processos fundiários em Búzios.

Mas não é só isso. Comerciantes de Búzios acusam ainda o juiz de deixar de pagar contas em restaurantes, bares, pousadas e lojas diversas.


- Ele sempre diz que dívida de magistrado é para não ser paga. Ele apanha caixas de charuto, de vinho e de outros produtos e não paga nada. Diz para botar na conta. Pretendemos nos reunir e ir na Corregedoria fazer as denúncias o mais breve possível - disse o comerciante de bebidas André Nascimento.

Em dezembro de 2007, a coluna de Ancelmo Gois noticiou que o mesmo juiz provocou tumulto dentro de um transatlântico atracado em Búzios ao tentar embarcar e fazer compras de Natal nas lojas free shop que funcionam a bordo, de uso restrito dos passageiros.

- As lojas já estavam fechadas e o comandante se recusou a cumprir a ordem do juiz para que abrissem o comércio. O tumulto só acabou com a chegada da Polícia Federal. O comandante do navio falou que quem mandava a bordo era ele, e não o magistrado - confirmou o comerciante.

Juiz de Búzios prepara informações à Corregedoria do TJ
"Matérias do O Globo, mal apuradas, podem servir a propósitos criminosos"

O Juiz João Carlos Corrêa foi procurado pelo PH na tarde de sexta-feira (18), mas não quis se estender muito sobre informações que estão sendo sistematicamente veiculadas num seriado de matérias publicadas em destaque pelo jornal O Globo desta semana.

Segundo o magistrado, trata-se de matérias mal apuradas, e com o intuito de denegrir a sua imagem, especialmente no momento em que julga uma ação, movida pelo MP do Rio de Janeiro, e que seguiu uma longa investigação da DRACO (do Crime Organizado), com um longo rol de denunciados por tráfico de drogas e associação à droga.

Na homenagem que a Câmara de Vereadores prestava ao magistrado por completar 7 anos à frente da Comarca, o secretário de Planejamento e Orçamento do Município, Ruy Borba, em sua fala apontara para esta direção, afirmando que colaboradores do semanário Peru Molhado tinham os seus nomes entre os investigados. ‘O semanário publicou matéria difamatória sem mensageiro e sem mensagem, embalado pela droga, para produzir uma droga de matéria’, segundo Borba. O semanário também se gaba de plantar notas nas principais colunas do jornalão, induzindo muitas vezes consagrados colunistas como, Alcelmo Góes e Joaquim Ferreira dos Santos, a erro. É notória a alegada ascendência da tosca e irresponsável editoria do Jornal Perú Molhado, e pessoas ligadas a ele, sobre as pautas produzidas pelo ‘O Globo’, na Cidade.

Hotel Atlântico nega declarações reproduzidas irresponsavelmente pelo O Globo

O PH apurou junto à Gerência do Hotel Atlântico (cópia da declaração do hotel em poder do Jornal) de que o juiz sempre pagara as suas contas de hospedagem e alimentação, e que nem sequer houve a mencionada festa, como O Globo noticiara. O Gerente Carlos Neto foi peremptório ao negar tal declaração, citada na matéria do O Globo, de onde pode se supor que nem mesmo a existência do advogado Marcelo Bianchi, citado na matéria como um dos hóspedes que teriam reclamado do barulho, seja verdade. Esta revelação feita pela gerencia do Hotel Atlântico desmonta a versão do jornal de que teria havido ‘uma suruba’ num dos quartos ocupados pelo magistrado, imputação grave com vistas a atacar a honra e a moral do Juiz, bem como desestabilizar as relações do magistrado com sua família. ‘Saí do hotel ás 13h00 da quarta-feira (9) e não voltei’, afirmou João Carlos Corrêa na tarde de ontem (18).

Nomes das fontes citadas nas matérias do jornal O Globo podem ser obra de ficção

Quanto às despesas realizadas pelo magistrado, a própria Associação Comercial e Empresarial de Búzios - ACEB atesta que nunca recebeu registro de nenhum de seus associados, sobre o juiz ter deixado de pagar suas despesas, não reconhecendo também a existência de André Nascimento entre os seus associados. Também no cadastro de contribuintes do Município não foi encontrado ninguém com esse nome, o que leva a crer que também o jornalão não tivesse feito a apuração corretamente. Até mesmo a charutaria da Cidade nega que tivesse sido abordada pelo juiz, e que este teria deixado de pagar por eventual compra.

Ruy Borba, secretário de Planejamento, afirmou que ‘as matérias mal apuradas pelo colega do O Globo podem estar servindo a propósitos criminosos, com a finalidade de desestabilizar o juiz. Como é de conhecimento público Dr. João Carlos é quem julga o processo contra a droga, e está colocando sistematicamente no banco dos réus dezenas de denunciados, inclusive pessoas de influência na Cidade’.

Para o secretário, ‘a proximidade das eleições, e um novo arranjo de forças na Justiça Eleitoral no Estado, embora seja de nível do Judiciário Federal, podem também estar causando uma tensão, para lá na frente as abóboras se acomodarem de forma a melhor atender conveniências’.

- Recentemente, tive uma altercação com o então Juiz Eleitoral Rafael Rezende, que julgava uma ação de cassação do mandato do atual prefeito Mirinho Braga. Todos acompanharam a discussão, que virou pública, tendo entrado nessa dança um promotor de Justiça, Eleitoral no caso, calouro, eu suponho, para não falar o pior. Aquele episódio pode ter sido o prenúncio. Estou atento a esses movimentos, e o CNJ também na pessoa da ministra corregedora Eliana Calmon - enfatizou Ruy Borba.

Informações sobre calote na Ampla são falsas

Segundo informações obtidas também na tarde ontem, as contas da Ampla em nome do Juiz João Carlos Corrêa sempre estiveram pagas e ele, em momento algum, ficou devendo, como foi noticiado pelo O Globo, a concessionária. O jornal chegou a dizer que o magistrado ficou devendo uma expressiva soma e que, por este motivo, teria tido sua luz cortada, fato negado por ele na tarde de sexta-feira.

Magistrado já havia sido alvo de matérias mal apuradas

Em 2009, o jornal O Globo entrevistou o juiz, na residência em que mora com sua esposa, a deputada Alice Tamborindeguy, e, segundo o magistrado, ao contrário do que foi conversado ao longo da entrevista, o texto publicado colocava em dúvida decisões prolatadas pela Justiça de Búzios, sobre conflitos de terras em Tucuns. O que mais chamou a atenção do Juiz na época foi que as decisões dadas por ele já haviam todas sido confirmadas pelo TJ quando a matéria foi publicada. ‘Caso houvesse dúvida ou pairassem questões polêmicas e obscuras sobre o assunto, o Tribunal de Justiça não confirmaria tais Decisões’, disse ele logo após a publicação da matéria. Nas edições seguintes o jornal não se pronunciou a respeito deste fato limitando-se a rotular, de forma vaga, as decisões como sendo suspeitas. Novamente a questão volta a pauta da Imprensa nacional, mais uma vez pela metade.
Colaborador: Redação

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quem censura a imprensa no Brasil, vejam só, é a Justiça

 
16/02/2011  Ricardo Setti    Revista VEJA

    A espantosa revelação de que o Google foi obrigado a retirar do ar 398 textos jornalísticos apenas na primeira metade de 2010, por ordem judicial — uma vergonha que coloca o Brasil como recordista mundial no gênero, seguido pela tenebrosa ditadura da Líbia, com a metade do número de reportagens eliminadas –, evidencia em tintas fortes um fenômeno que discutimos pouco: num país em que vige a plena liberdade de imprensa e do qual a democracia baniu a censura praticada pelo regime militar, quem amordaça a imprensa, valendo-se de decisões na maioria das vezes contrárias à Constituição, é o Judiciário.

   Os números foram revelados em São Paulo pelo jornalista argentino radicado nos Estados Unidos Carlos Lauria, um dos coordenadores do Comitê para Proteção dos Jornalistas (CPJ).

   O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, fundada em 1981 e com sede em Nova York, dirigida por 25 jornalistas e financiada por doações de fundações, empresas e pessoas – muitas delas jornalistas de todo o mundo –, que não aceita qualquer colaboração de governos.

   Conheça o site do CPJ.